domingo, 14 de agosto de 2011

BIAFRA

Vocês já devem ter visto o comercial de uma seguradora, com Biafra cantando dentro do carro, né?
Eu ri muito, mas ao mesmo tempo, fiquei com pena do cantor! Pôxa, ele deve tá muito por baixo para aceitar fazer um comercial em que ele é motivo de abuso e irritação! Não deve ser bom para nenhum cantor ver sua música sendo ridicularizada, não é?
Mas depois, pensei: se ele aceitou é porque tem o tal do "far play", então, pra que a pena? vamos curtir e sorrir com ele, que aliás, deve ter ganho uma boa graninha:0


Daí, lendo hoje o queridíssimo colunista ARTUR XEXEO (O Globo), me deparo com esse comentário dele, que faço questão de reproduzir e exibir para vocês. Genial!


Faz 13 anos que o cantor e compositor Biafra passou a chamar-se Byafra. Nestes tempos em que artistas se chamam Cllaudyas e Walleskas, é natural que credite-se a troca a uma crença na numerologia. Mas não foi o caso. Byafra, o cantor, não queria ver seu nome confundido, nos sites de busca da internet, com Biafra, a região nigeriana que durante algumas décadas foi notícia de jornal pela guerra que travou por sua independência. 
Há pouco tempo, Byafra tornou-se um dos maiores sucessos dos sites de busca quando parte do depoimento que deu ao documentário “Alô, alô, Terezinha”, de Nelson Hoineff, sobre o comunicador Abelardo Chacrinha Barbosa, virou vídeo no YouTube. Byafra cantava um de seus maiores sucessos, “Sonho de Ícaro” (“Voar voar/ subir, subir” ), quando foi atingido por um parapente. Ninguém se lembra muito bem do documentário. Mas o mico que Byafra pagou diante da câmera do documentário é inesquecível. 
A precaução com a substituição do “i” por “y” talvez tenha sido exagerada. Se você digitar Biafra no Google, por exemplo, a primeira entrada a aparecer será realmente um verbete da Wikipédia sobre “a República do Biafra, um estado secessionista no sudeste da Nigéria”. Mas a segunda entrada já será uma chamada para o YouTube, "Biafra e o parapente”. Hoje em dia, pouca gente pesquisa sobre a Guerra de Biafra. Mas Biafra (ou Byafra) e o parapente continuam na crista da onda. Só vêm sendo ameaçados pelo anúncio de televisão que trouxe Biafra mais uma vez à parada de sucessos. 
Você já deve ter visto. É a propaganda da seguradora de um banco. No filmete, um ladrão rouba um carro. Quando está fugindo, Byafra aparece no banco de trás cantando “Sonho de Ícaro”. O ladrão não aguenta. Abandona o carro. Prefere desistir do roubo a ouvir Byafra. Um locutor em off dá o recado: “Vai que seu carro não vem com o Byafra cantando...”. A mensagem é clara: Byafra é um chato. 
Da primeira vez que vi o anúncio, fiquei com pena do cantor e jurei nunca usar a seguradora que acabou com a imagem de um artista só para não perder a piada. Da segunda vez, fui mais racional: se o próprio cantor não se preocupou com sua imagem, por que eu ficaria tão furioso? Da terceira, me rendi. Continuo rejeitando a seguradora, mas passei a admirar Byafra por ter tratado sua imagem com bom humor. Gente de muito menos sucesso que ele — Byafra pode se orgulhar de já ter vendido mais de um milhão de discos e é, sem dúvida, um dos hitmakers brasileiros dos anos 80 — leva sua imagem tão a sério que acaba caindo no ridículo. 
Não tenho mais dúvidas. Byafra é meu ídolo e estará para sempre no meu hit parade. É por isso que, nos últimos tempos, me pego cantando sozinho: 
“Voar, voar/ Subir, subir 
Ir por onde for 
Descer até o céu cair 
Ou mudar de cor...”



                                                     o próprio Byafra!!hahaha...


Apareçam.

Nenhum comentário: